É bem provável que você conheça alguém que, embora já tenha se aposentado, continua trabalhando.
Estar ativo no mercado de trabalho mesmo depois de aposentado, na maioria das vezes, é uma necessidade para muitos segurados que têm o valor da aposentadoria insuficiente para o seu sustento, infelizmente.
Dessa forma, uma dúvida muito recorrente é se nesses caso de retorno ao mercado de trabalho, o aposentado teria direito de revisar o valor da sua aposentadoria, tendo em vista que ainda continua recolhendo o INSS mensalmente.
Se essa também é o seu caso, continue até o fim desse artigo para saber todos os detalhes!
O aposentado precisa pagar o INSS?
Muito embora já esteja aposentado, o beneficiário que continua exercendo atividade remunerada, deve pagar o INSS todo mês.
Essa é uma regra que se aplica aos aposentados por idade, tempo de contribuição, por pontos, rural e especial (não podendo retornar à mesma profissão que gerou direito à aposentadoria especial).
Dessa forma, caso você seja aposentado e retorne ao mercado de trabalho, é obrigatório que você continue recolhendo mensalmente as contribuições do INSS.
O que é a desaponsentação?
A Desaposentação é uma tese que durante algum tempo foi aceita na Justiça, com o objetivo de beneficiar os aposentados que continuaram trabalhando.
Muitas vezes, a aposentadoria é concedida com um valor menor do que o esperado e é bem comum que o aposentado busque formas de complementar a renda.
Esse aposentado, ao exercer algum tipo de atividade remunerada é obrigado a contribuir para o INSS.
O aposentado que continua contribuindo para a Previdência Social tem poucos direitos perante o INSS. Sendo possível receber apenas o Salário-Família e ter acesso ao serviço de Reabilitação Profissional.
Visando reparar essa injustiça, a Desaposentação pretendia “aproveitar” as contribuições pagas pelo aposentado ao requerer uma nova.
Sendo assim, o aposentado poderia renunciar a aposentadoria que recebia e requerer uma nova, em que essas contribuições seriam somadas ao tempo de contribuição e ao cálculo de benefício.
Para ficar mais claro, vamos a um exemplo:
Ronaldo se aposentou por tempo de contribuição em 2000. Entretanto, continuou trabalhando e, em 2012, cumpriu os requisitos para a Aposentadoria por Idade.
A tese da Desaposentação poderia permitir que Ronaldo tivesse os últimos 12 anos de contribuição somados aos 35 anos utilizados para ter direito à primeira aposentadoria. Isso poderia aumentar consideravelmente o valor do benefício, dependendo das novas contribuições.
O que o INSS pensa sobre a desaponsentação?
Para tomar as decisões que cabem a ele, o INSS deve utilizar apenas a redação da Lei. Isso significa que ele não pode decidir sobre um benefício considerando aspectos além dos legais.
De acordo com a legislação, a aposentadoria não pode ser objeto de renúncia. Portanto, o INSS não permite a Desaposentação, Reaposentação e demais teses similares.
Os casos em que essa possibilidade foi admitida foram decididos através de decisões judiciais. Essas decisões levaram em conta o caráter contributivo e retributivo que a Previdência Social deve ter, isto é, pagar ao INSS e receber benefícios em troca disso.
Como fica a desaposentação em 2024?
Em 2016, o STF considerou a Desaposentação inconstitucional. Mais de 180 mil processos na Justiça estavam aguardando essa decisão e, depois disso, a tese não foi mais aceita.
Porém, o seguinte ponto não ficou esclarecido: os aposentados que conquistaram o direito à Desaposentação devem devolver os valores recebidos pela nova aposentadoria concedida através da Desaposentação?
Quase 4 anos depois, em 6 de fevereiro de 2020, o STF finalmente bateu o martelo. Nesse recente julgado, o STF reafirmou a inconstitucionalidade da Desaposentação e decidiu que os beneficiados por ela não devem devolver o dinheiro ao INSS.
Além disso, aqueles que conquistaram a nova aposentadoria através das ações que já foram julgadas, não perderão o direito a ela.
Portanto, quem conseguiu a Desaposentação na Justiça poderá mantê-la e não precisará devolver o dinheiro, mas a tese não será mais aceita para fundamentar novas ações.
Entretanto, no final de 2021, alguns deputados e senadores se mobilizaram e criaram um Projeto de Lei (PLS 172/2014) que viabilizaria a desaposentação.
Por ser um Projeto de Lei, ainda não é possível entrar com um pedido de revisão, sob a justificativa da desaposentação para os aposentados que continuam trabalhando.
Contudo, vale dizer que esse Projeto de Lei já foi aprovado em algumas comissões legislativas, e agora está avançando para a Câmara dos Deputados.
Caso seja aprovada e sancionada pelo Presidente da República, os aposentados que continuam trabalhando poderão solicitar a revisão dos seus benefícios.
Conclusão
Após esta leitura, você entendeu mais afundo sobre a questão do aposentado que continua trabalhando.
Caso ainda tenha dúvidas, é importante que você busque o auxílio de advogado especialista que entenda e se preocupe com o seu direito!